A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) apresentou uma notícia-crime ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, contra o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG). A denúncia foi protocolada neste domingo (23).
A parlamentar alega que Nikolas Ferreira foi flagrado utilizando seu telefone celular durante uma visita ao ex-presidente Jair Bolsonaro na sexta-feira (21). Na ocasião, Bolsonaro cumpria prisão cautelar domiciliar, decretada em agosto. As imagens foram divulgadas por uma emissora de televisão.
Segundo Erika Hilton, o uso do aparelho celular por terceiros na presença do ex-presidente contraria a decisão da petição (PET 14.129/DF), que impôs essa restrição como uma das medidas cautelares.
A visita de Ferreira ocorreu um dia antes de Bolsonaro danificar sua tornozeleira eletrônica com um ferro de solda, o que culminou na decretação de sua prisão preventiva, justificada pelo risco de fuga.
Hilton acusou Ferreira de instigar e auxiliar Bolsonaro em uma possível tentativa de fuga. Em uma publicação em sua rede social, a deputada afirmou que a conduta de Ferreira “descumpre ordem judicial e aponta para possível instigação ou auxílio ao plano de evasão”.
Para preservar as provas da suposta instigação ou auxílio, Erika Hilton solicita, no documento enviado ao STF, a busca e apreensão do celular de Nikolas Ferreira.
Em resposta, Nikolas Ferreira se defendeu por meio de suas redes sociais, alegando que não foi informado sobre nenhuma restrição ao uso de celular durante a visita, nem pelo Judiciário, nem pelos agentes de fiscalização. Ele também classificou a utilização de um drone para filmar a residência do ex-presidente como uma “invasão grave de privacidade” em um “ambiente privado”, considerando a atitude “totalmente incompatível com qualquer padrão mínimo de ética jornalística”.
Ferreira argumentou que o episódio revela mais sobre a “conduta invasiva da emissora” do que sobre sua própria conduta, que ele alega ter sido filmada clandestinamente.
Jair Bolsonaro foi preso preventivamente pela Polícia Federal (PF) no sábado (22), por determinação de Moraes. O ministro do STF mencionou o risco de fuga, diante da tentativa de Bolsonaro de violar a tornozeleira eletrônica e da convocação de uma vigília nas proximidades de sua residência por seu filho, o senador Flávio Bolsonaro.
Na sexta-feira (21), Bolsonaro usou uma solda para tentar abrir a tornozeleira, gerando um alerta para a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seap).
Em audiência de custódia por videoconferência, no domingo (23), Bolsonaro relatou ter tido uma “alucinação” de que havia uma escuta na tornozeleira eletrônica, o que o teria motivado a tentar abrir o dispositivo. Ele também afirmou que teve uma “certa paranoia” devido à interação inadequada de medicamentos prescritos por diferentes médicos.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br


