A atuação de facções criminosas na Amazônia Legal tem se expandido de forma alarmante, atingindo 45% dos municípios da região. Um levantamento recente aponta que, das 772 cidades que compõem a Amazônia Legal, 344 já registram a presença de organizações criminosas, um aumento de 32% em relação ao ano anterior, quando a presença era notada em 260 municípios. A Amazônia Legal abrange os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.
O estudo revela que estas facções, predominantemente ligadas ao narcotráfico, encontraram na Amazônia e nos crimes ambientais novas formas de obtenção e lavagem de dinheiro. Essa conexão entre crime organizado e meio ambiente exige soluções urgentes por parte do Estado. A complexidade do problema aumenta quando o narcotráfico se junta ao crime ambiental, exigindo abordagens que considerem a justiça climática e a segurança nos territórios.
Atualmente, 17 facções criminosas estão ativas na Amazônia. Além do Comando Vermelho (CV) e do Primeiro Comando da Capital (PCC), destacam-se grupos regionais e até organizações estrangeiras, como a venezuelana Tren de Aragua e a colombiana Estado Maior Central (EMC). O Comando Vermelho lidera em presença, atuando em 286 cidades e controlando as rotas fluviais, principalmente no rio Solimões, em conexão com a produção peruana e os cartéis colombianos. O PCC, por sua vez, concentra-se na internacionalização dos mercados, utilizando rotas aéreas clandestinas e a rota oceânica via Suriname.
A violência também acompanha a expansão do crime organizado. Em 2024, foram registradas 8.047 vítimas de mortes violentas intencionais nos municípios da Amazônia Legal, resultando em uma taxa de 27,3 assassinatos por 100 mil habitantes, valor 31% superior à média nacional. O estado do Amapá apresentou a maior taxa de violência, com 45,1 mortes violentas por 100 mil habitantes.
Um exemplo da influência das facções é o caso de Alta Floresta, no Mato Grosso, onde o Comando Vermelho impõe o cadastro e o pagamento de mensalidades a quem trabalha com garimpo ilegal. A facção estabelece datas de pagamento e ameaça quem não segue as regras.
A situação na Terra Indígena Sararé, também no Mato Grosso, é particularmente preocupante, com o Comando Vermelho controlando toda a cadeia de extração de minério e cobrando taxas dos garimpeiros.
Em relação aos assassinatos de mulheres, foram contabilizados 586 casos na Amazônia Legal em 2024, com uma taxa de 4,1 por 100 mil mulheres, 21,8% acima da média nacional. O Mato Grosso é o estado mais letal para mulheres, e o Maranhão foi o único a registrar aumento nos homicídios femininos. A vulnerabilidade das mulheres em áreas remotas exige políticas específicas de acolhimento, empoderamento econômico e combate à violência.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br


