Uma vacina contra a dengue desenvolvida pelo Instituto Butantan, recentemente aprovada para registro pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), tem o potencial de beneficiar não apenas a população brasileira, mas também indivíduos em outros países afetados pela doença. A informação foi divulgada por especialistas da área de imunização.
A dengue, uma doença transmitida por mosquitos, está se expandindo globalmente, especialmente em regiões tropicais. Estima-se que mais da metade da população mundial vive em áreas de risco para a dengue, e as mudanças climáticas, incluindo o aquecimento global e alterações nos padrões de chuva, favorecem a proliferação do mosquito transmissor. Diante desse cenário, a necessidade de vacinas eficazes torna-se crucial para controlar a doença, particularmente em países tropicais.
O Instituto Butantan já possui um milhão de doses da vacina prontas para distribuição. Um diferencial importante deste imunizante é o fato de ser administrado em dose única. A expectativa é que, até meados de 2026, a produção alcance mais de 30 milhões de doses. O governo federal planeja incorporar a vacina ao Programa Nacional de Imunizações o mais breve possível, com o objetivo de iniciar a campanha de vacinação no começo de 2026.
A vacina do Butantan, denominada Butantan-DV, é indicada para pessoas de 12 a 59 anos.
Em nota, o diretor do Instituto Butantan destacou a aprovação como um marco histórico para a ciência e a saúde no Brasil, ressaltando que a vacina de dose única representa uma ferramenta poderosa para combater uma doença que afeta o país há décadas. Ele enfatizou que o desenvolvimento foi fruto do trabalho de cientistas, trabalhadores e voluntários brasileiros, com potencial para salvar vidas em todo o país.
Em 2024, o Brasil registrou um pico de 6,5 milhões de casos prováveis de dengue, um aumento significativo em relação aos números de 2023. Até meados de novembro de 2025, foram notificados 1,6 milhão de casos prováveis. Desde o início dos anos 2000, mais de 20 milhões de brasileiros foram afetados pela doença.
A aprovação da vacina pela Anvisa foi baseada nos resultados de um estudo clínico de fase 3, com acompanhamento dos voluntários por cinco anos. Os dados revelaram uma eficácia geral de 74,7% na faixa etária de 12 a 59 anos. A vacina demonstrou 91,6% de eficácia contra a dengue grave e com sinais de alarme, e 100% de eficácia contra hospitalizações decorrentes da doença.
A vacina é composta pelos quatro sorotipos do vírus da dengue e mostrou-se segura e eficaz tanto em pessoas que já tiveram a doença quanto naquelas que nunca foram infectadas.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br


