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Cineasta negra rompeu barreiras e inspirou o cinema brasileiro em meio à ditadura

Dinael Monteiro
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© Tomaz Silva/Agência Brasil

Adelia Sampaio, prestes a completar 81 anos, personifica uma trajetória de ousadia e pioneirismo, marcando a história do cinema nacional e inspirando novas gerações de cineastas.

Em 1984, Adelia quebrou barreiras ao se tornar a primeira mulher negra a dirigir um longa-metragem no Brasil. “Amor Maldito”, sua obra de estreia, desafiou convenções ao retratar um relacionamento amoroso entre duas mulheres durante a ditadura militar, enfrentando censura, machismo e a falta de apoio financeiro.

Nascida em Belo Horizonte, Adelia passou parte da infância em um abrigo em Santa Luzia do Rio das Velhas, Minas Gerais, após ser entregue à instituição pela mãe, Guiomar, empregada doméstica. A mudança de Guiomar para o Rio de Janeiro com as filhas, buscando melhores condições de vida, resultou na imposição da patroa em separar as meninas.

A vida de Adelia tomou um novo rumo graças à sua irmã mais velha, Eliana, que trabalhava como revisora de filmes russos no Rio de Janeiro. Eliana convenceu a mãe a resgatar Adelia do abrigo. Uma sessão de cinema, assistindo a “Ivan, o Terrível”, de Sergei Eisenstein, despertou em Adelia o desejo de trabalhar com cinema.

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Nos anos 60, Adelia iniciou sua jornada na Difilm, uma produtora e distribuidora de filmes independentes na Cinelândia. A convivência com figuras importantes do Cinema Novo, como Glauber Rocha e Leon Hirszman, proporcionou-lhe aprendizado prático e conhecimento técnico.

Aos 22 anos, Adelia dirigiu “Denúncia Vazia” (1979), seu primeiro curta-metragem. O filme, realizado com poucos recursos, contou com o apoio de amigos e profissionais do meio cinematográfico. A amiga e montadora Helza Fialho foi uma grande incentivadora.

A trajetória de Adelia Sampaio se destaca em um cenário de ausência de mulheres negras no cinema. Ela descreve os obstáculos enfrentados com a frase: “Ser mulher, negra e cineasta no Brasil é ser bastarda três vezes.”

No início dos anos 80, Adelia decidiu produzir “Amor Maldito”, inspirado em um caso real de um relacionamento entre duas mulheres. Sem o apoio da Embrafilme, o longa foi viabilizado através do trabalho voluntário de atores, equipe técnica e amigos.

Para garantir a distribuição, Adelia aceitou que “Amor Maldito” fosse classificado como pornochanchada.

Adelia só tomou conhecimento de seu pioneirismo muitos anos após o lançamento de “Amor Maldito”, através da historiadora e cineasta Edileuza Penha de Souza. Em 2016, Edileuza criou a Mostra de Cinema Negro Adelia Sampaio, um evento que se tornou referência para cineastas e pesquisadores do cinema afro-brasileiro.

Aos 80 anos, Adelia Sampaio continua sendo uma inspiração para cineastas mulheres, negras, LGBTQIA+ e para todos que buscam romper com padrões de representação. Sua obra é exibida em mostras, escolas e festivais, consolidando seu legado como uma cineasta que transformou dificuldades em potência criativa.

Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br

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