O Dia Mundial da Saúde Sexual, lembrado anualmente em 4 de setembro, foi criado em 2010 pela World Sexual Health (WAS – Associação Mundial para a Saúde Sexual em tradução livre) com o objetivo conscientizar a população. O tema é amplo e engloba aspectos de saúde, jurídicos, educacionais, entre outros. Nesse cenário, um dos recortes importantes são as Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) que constituem fator de risco para vários tipos de cânceres, informa o cirurgião oncológico Gustavo Guimarães, diretor do Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica (IUCR) e coordenador geral dos Departamentos Cirúrgicos Oncológicos do grupo BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Relatório publicado no ano passado pela American Association for Cancer Research (AACR) mostra que cerca de 13% de todos os cânceres no mundo são causados por patógenos, como bactérias, vírus e parasitas. O documento também informa que 90% desses casos estão relacionados a infecções por HPV (papilomavírus humano), hepatites B e C e H. pylori (Helicobacter pylori). “Esses micro-organismos, exceto o H. pylori, fazem parte do cenário das infecções sexualmente transmissíveis e todos, em alguma medida, são passíveis de prevenção, diminuindo o risco de câncer”, alerta Guimarães. Para isso, ressalta o especialista, é fundamental informar a população sobre os modos de contágio e de prevenção.
IST com potencial de causar câncer
HPV – infecção muito comum transmitida pelo contato da pele-a-pele ou pele-mucosa, principalmente, durante a atividade sexual. Há centenas de tipos de HPV e alguns deles estão relacionados ao desenvolvimento de cânceres de faringe, nasofaringe, ânus, laringe, pele não melanoma, vulva, vagina, colo de útero, pênis, cavidade oral, amígdala.
A boa notícia é que existe vacina contra as principais cepas do vírus que aumentam o risco desses cânceres. Atualmente, a vacina contra HPV, disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), é a quadrivalente, que protege contra o HPV dos tipos 6 e 11, que provocam verrugas anogenitais, e dos tipos 16 e 18, que causam, além de câncer de orofaringe, o de colo de útero, pênis e ânus. No SUS, a vacina está disponível para meninas e meninos de 9 a 14 anos, pessoas imunossuprimidas e vítimas de violência sexual, entre outras situações. Nas instituições privadas há a vacina HPV nonavalente que protege contra os sorotipos: 6, 11, 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58. Para prevenir a contaminação pelo vírus, além da vacinação, é importante usar preservativo durante a atividade sexual.
Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) – causador da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida – Aids, infecta e destrói os linfócitos, que são as células de defesa do sangue. O HIV não provoca diretamente o câncer, mas ao enfraquecer o sistema imunológico, abre espaço para a infecção por diversos outros vírus, incluindo os que aumentam o risco de doenças oncológicas. Entre elas, sarcomas, linfomas, câncer de colo de útero, câncer anal e câncer de cabeça e pescoço. Para ser contaminado pelo HIV, o vírus precisa entrar na circulação sanguínea. A maioria dos casos de transmissão ocorre durante relação sexual desprotegida com alguém contaminado; transfusão de sangue contaminado; acidentes com agulhas infectadas; compartilhamento de agulhas para administração de drogas intravenosas; da mãe para o feto na gravidez.
Vírus Linfotrópico de Células T Humanas (HLTV) – vírus que pertence à mesma família do HIV, ataca o sistema imunológico. Não provoca aids, mas pode causar leucemia e outros tipos de câncer e problemas neurológicos. A principal forma de transmissão é o contato sexual sem proteção.
Herpesvírus humano tipo 8 (HHV-8) – esse vírus causa infecções que podem ficar latentes no corpo e são reativadas quando o sistema imunológico está debilitado, caso de portadores de HIV, transplantados ou pacientes que tomam imunossupressores. O HHV-8 é fator de risco para o sarcoma de Kaposi, um tipo raro de câncer de pele que atinge as camadas internas dos vasos sanguíneos, resultando em lesões rosadas, avermelhadas ou roxas. Além da pele, pode atingir órgãos internos como fígado, pulmões e mucosa intestinal, provocando sangramentos. A transmissão do HHV-8 acontece, principalmente, por contato sexual e saliva.
Hepatites B e C – as hepatites B (causada pelo vírus VHB) e C (pelo VHC) inflamam o fígado e essa condição pode evoluir para um câncer no órgão. A transmissão dos vírus das hepatites acontece por meio do contato com sangue, sêmen ou fluidos corporais. No caso da hepatite B, o vírus pode ser transmitido também durante o parto, da gestante para o bebê. No âmbito da prevenção, a hepatite B conta com vacina disponível gratuitamente no SUS. Além disso, as relações sexuais são um importante vetor de transmissão da hepatite B, portanto, o uso de preservativo diminui o risco de contágio. Para a hepatite C não há vacina e a recomendação é evitar contato com sangue contaminado, que é o principal meio de transmissão do vírus.
E o H. pylori? – apesar de não ser uma IST, o H.pylori está entre os três principais microorganismos que podem causar câncer. O H. pylori é uma bactéria que se aloja no estômago, causando inflamações que aumentam o risco de câncer nesse órgão. As pessoas podem contrair essa bactéria pelo consumo de alimentos mal higienizados ou água contaminada. Para prevenir o contágio é preciso: lavar as mãos antes de comer e após ir ao banheiro; higienizar bem os alimentos, inclusive frutas, verduras e legumes crus com cloro; não compartilhar copos, pratos e talheres com outras pessoas.
Sobre o IUCR
O Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica Dr. Gustavo Guimarães – IUCR, criado em 2013, é especializado na prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação do paciente com câncer. A equipe médica é formada por profissionais altamente especializados em uro-oncologia, cirurgia oncológica e oncologia clínica, sob a liderança do cirurgião oncológico Dr. Gustavo Guimarães, que possui mais de 20 anos de atuação e dedicação à assistência do paciente, ao ensino e à pesquisa científica nessa área. Guimarães desenvolveu ampla experiência em tecnologias e procedimentos minimamente invasivos como cirurgia laparoscópica, ultrassom focalizado de alta intensidade-HIFU e cirurgia robótica, tendo desenvolvido um consistente Programa de Consultoria e Capacitação sobre Cirurgia Robótica para Instituições de saúde em todo o país, que engloba a implantação, o desenvolvimento das diversas técnicas cirúrgicas e a capacitação das equipes.